Nas discussões sobre metodologias
de ensino-aprendizagem e sobre livros didáticos, há um ponto que não consigo
entender. Estou à espera de uma explicação convincente.
É o seguinte: quando um professor
gosta de dar aulas usando o quadro ou passa alguma lição de casa que não seja
uma pesquisa na Internet, ele é classificado como “tradicional”, num tom de voz
que mostra o quão desprezíveis são tais ações.
Quando um livro apresenta uma
lista de exercícios não contextualizados, que não liguem equações do 2º grau ao
número de tremores terrestres ou a lucros na venda de pastéis, ou a algo
parecido, esse livro é classificado como “tradicional” e são igualmente
desprezados e “tachados de tradicionais” os professores que, por ventura, ou
desventura, queiram usar tais livros.
Por outro lado, em toda conversa
entre colegas sobre o que está acontecendo atualmente nas escolas, ouço falar e
falo também: “ no meu tempo, a essa altura, já sabíamos isso e muito mais”, “
no meu tempo, podíamos não saber fazer, mas sabíamos que não sabíamos, mas
agora...”. Enfim, ao que tudo indica, “tradicionalmente” o ensino era melhor.
E então?
Ouvi com bastante curiosidade,
numa ocasião em que um livro era “taxado” de tradicional, um dos nossos colegas
dizer: “mas foi por esse tipo de livro que estudamos ... e aprendemos”.
Alguém poderia me explicar,
então, o que era tão ruim nos livros e processos tradicionais pelos quais
aprendemos o que, agora, não conseguimos ensinar?